domingo, 2 de dezembro de 2012

Há 3 bilhões de asiáticos procurando saber como vão invadir nossos mercados


UM PAÍS COM LIDERANÇA QUASE NATURAL SOBRE SEUS VIZINHOS DE REGIÃO, MAS QUE NÃO CONSEGUE SE DECIDIR DIANTE DOS DILEMAS DE UM MUNDO EM RÁPIDA MUTAÇÃO. OS FLUXOS SE DESLOCAM DO ATLÂNTICO PARA O PACÍFICO E É PRECISO SE PREPARAR PARA O PERIGO E AS OPORTUNIDADES DA NOVA POTÊNCIA CHINESA. MAS A CABEÇA DA ECONOMIA SUL-AMERICANA NÃO ESTARIA CONSEGUINDO DAR RESPOSTAS IMEDIATAS DE QUEM QUER SER UM LÍDER REGIONAL. É ESSA A VISÃO DO BRASIL - RECALCITRANTE, AINDA AMARRADO À SUA TRADIÇÃO PROTECIONISTA - QUE EMERGE COMO DESAFIO A SER SUPERADO, NA OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS QUE PARTICIPARAM DO SEMINÁRIO "A LIDERANÇA DO BRASIL NA AMÉRICA DO SUL - VISÕES DE EMPRESÁRIOS, DIPLOMATAS E POLÍTICOS", REALIZADO ANTEONTEM, NA FUNDAÇÃO IFHC, DO EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, E QUE TEVE PATROCÍNIO DO BTG PACTUAL E APOIO DO VALOR.
O EX-CHANCELER DO CHILE, JUAN GABRIEL VALDÉS, AFIRMA QUE A LIDERANÇA DO BRASIL NA REGIÃO TEM SIDO VISTA COMO ALGO MAIS DO QUE DESEJÁVEL PELAS ELITES DE SEU PAÍS. O CHILE TEM UMA RELAÇÃO DE DESCONFIANÇA PERMANENTE COM A ARGENTINA E SE VÊ AMEAÇADO PELO "MUNDO ANDINO", ORGANIZADO EM TORNO DA LIDERANÇA BOLIVARIANA DO PRESIDENTE DA VENEZUELA, HUGO CHÁVEZ. A ESPERANÇA DOS CHILENOS É QUE O BRASIL SEJA O FIADOR DO EQUILÍBRIO E EXERÇA UM PAPEL DISSUASIVO EM POTENCIAIS CONFLITOS. O PROBLEMA, RESSALTA VALDÉS, É QUE AMBOS REPRESENTAM PARADIGMAS DIFERENTES. O CHILE, HÁ DÉCADAS, APOSTA EM UMA ESTRATÉGIA MAIS LIBERALIZANTE, E O BRASIL AINDA SE VÊ ÀS VOLTAS COM A HERANÇA DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES. RESULTADO: A FALTA DE CUMPLICIDADE E A INSISTÊNCIA BRASILEIRA NO AGONIZANTE MERCOSUL TÊM ENTRE SEUS EFEITOS LÓGICOS O DISTANCIAMENTO DE UM CHILE QUE ACABA DE FIRMAR COM COLÔMBIA, PERU E MÉXICO A ALIANÇA DO PACÍFICO - UM BLOCO JÁ SINTONIZADO COM OS VENTOS DE MUDANÇA E PREOCUPADO EM LIDAR COM O DESAFIO DA CHINA.
O EX-PRESIDENTE DA BOLÍVIA, CARLOS MESA, É MAIS DIRETO: "O BRASIL TEM UM PAPEL IMPORTANTE DE MODERADOR, MAS TEM QUE DEFINIR SUA ESTRATÉGIA DE MERCADO ABERTO. É LÍDER, TEM VOCAÇÃO, MAS ESTÁ DISPOSTO A COMPARTILHAR SEU MERCADO? BOA PARTE DAS DIFICULDADES DO MERCOSUL SE DEU EM RAZÃO DE QUE HISTORICAMENTE O BRASIL É O MAIS PROTECIONISTA", CRITICOU.
O "EMPURRÃO" PARA A DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA NÃO É RETÓRICA APENAS DE PAÍSES AUTOINTERESSADOS EM SE BENEFICIAR DAS RELAÇÕES COMERCIAIS COM O BRASIL. O EMPRESÁRIO JORGE GERDAU JOHANNPETER SINTETIZOU O TOM DE URGÊNCIA AO RELATAR A DIFICULDADE DE PLANEJAMENTO EM ATIVIDADES, COMO A DE SIDERURGIA, NA QUAL ATUA E ONDE A PREVISÃO DE ESCALA E A LOGÍSTICA SÃO DECISIVAS E FEITAS COM MUITOS ANOS DE ANTECEDÊNCIA. "QUE ESTRATÉGIA COMERCIAL VAMOS TER? É DE UMA AMÉRICA LATINA INTEGRADA OU DE MICROPROTECIONISMOS? MESMO QUE POSSA DEMORAR UM POUCO MAIS UMA ETAPA DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA COM OS ESTADOS UNIDOS, EU TERIA QUE TER INDICATIVOS QUE ME DESSEM CONDIÇÕES DE DIZER: HÁ EXPECTATIVA DISSO OCORRER OU NÃO?", DISSE O PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO GRUPO GERDAU, QUE DEFENDE UMA INTEGRAÇÃO REGIONAL PARALELA À APROXIMAÇÃO COM OS AMERICANOS.
O EMPRESÁRIO AFIRMA QUE O MOMENTO EXIGE "RAPIDEZ DE AÇÃO" E QUE A APARÊNCIA DE BONANÇA, COM PLENO EMPREGO, É ENGANADORA. "COMO A DIVISA ESTÁ ABUNDANTE, POR VOLTA DE US$ 350 BILHÕES, EM VIRTUDE DO CRESCIMENTO DA CHINA, NÃO HÁ PRESSÃO. A FESTA ESTÁ BOA. MAS HÁ UM CENÁRIO DE CONCORRÊNCIA ABSOLUTA. HÁ 3 BILHÕES DE ASIÁTICOS PROCURANDO SABER COMO VÃO INVADIR NOSSOS MERCADOS", ALERTOU.
ASSOCIADO À AMEAÇA DA CHINA E DE OUTROS PAÍSES DA ÁSIA, GERDAU CITA O MÉXICO COMO UM "NOVO CAPÍTULO". COM POLÍTICAS "MARKET FRIENDLY", COMO RESSALTOU O CONSULTOR E EX-SECRETÁRIO DE POLÍTICA ECONÔMICA DO MINISTÉRIO DA FAZENDA, JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS, O MÉXICO É CAPAZ DE SER COMPETITIVO ATÉ COM OS ASIÁTICOS "PARA COLOCAR ROUPA NOS ESTADOS UNIDOS". E OS MEXICANOS, AGORA, JÁ AMPLIAM SEUS INTERESSES NA AMÉRICA DO SUL, AO FORMAR, COM PAÍSES DA REGIÃO, A ALIANÇA DO PACÍFICO.
Fernando Henrique Cardoso
O EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO AFIRMA QUE, DE UM MODO GERAL, O BRASIL ACERTOU EM SUAS ESCOLHAS, EM COMPARAÇÃO, POR EXEMPLO, COM A ARGENTINA, QUE PREFERIU UMA APROXIMAÇÃO COM O REINO UNIDO [NO SÉCULO XIX], EMBORA LIMITADA. O PROBLEMA, DIZ, É QUE A DECISÃO POR UMA POLÍTICA SUL-SUL MOLDOU MUITO O PAÍS, "VIROU SÓ MERCOSUL E DEU NO QUE DEU". FHC LEMBRA QUE EM SEU GOVERNO TODOS OS MAIS DIVERSOS ATORES FICARAM ASSUSTADOS E RECUSARAM A ENTRADA NO ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS (ALCA). "A DISCUSSÃO DA ALCA NÃO HOUVE. HAVIA MEDO DOS EMPRESÁRIOS, DO GOVERNO E DA POPULAÇÃO. HOUVE ACOVARDAMENTO. JÁ QUE NÃO PUDEMOS SER UMA AUTARQUIA [PELO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES], O PASSO SEGUINTE FOI: 'QUE PELO MENOS USEMOS A REGIÃO'. NÃO DEU", AFIRMA O EX-PRESIDENTE.
PARA GERDAU, O EPISÓDIO REFLETE APENAS UM DOS ENTRAVES PARA A MUDANÇA DE PARADIGMA, QUE EXIGIRIA A MUDANÇA DE MENTALIDADE, INCLUSIVE DO EMPRESARIADO. "É NECESSÁRIO UMA MUDANÇA DE COMPORTAMENTO, COM VISÃO ESTRATÉGICA. PASSAMOS DA SOBREVIVÊNCIA DE CAIXA, NOS ANOS 1980 E 1990, PARA UM MUNDO DE ABUNDÂNCIA, MAS A CABEÇA AINDA É A DE APAGAR INCÊNDIO", DIZ GERDAU, FUNDADOR DO MOVIMENTO BRASIL COMPETITIVO, QUE TEM COMO UMA DAS MISSÕES LEVAR PRÁTICAS DA INICIATIVA PRIVADA PARA O SETOR PÚBLICO.
O EMPRESÁRIO FAZ DA INFRAESTRUTURA PRECÁRIA E DO SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO SEU REALEJO INSISTENTE DE REFORMAS NECESSÁRIAS AO PAÍS. MAS CONSIDERA UM TEMA ESPINHOSO DE SER TRATADO PELO EXECUTIVO OU PELO CONGRESSO. "EU DISSE PARA A PRESIDENTE [DILMA ROUSSEFF]: "PRESIDENTE, É TODO MUNDO COVARDE DE MEXER NESTE NEGÓCIO [SISTEMA TRIBUTÁRIO]. E O PODER DE CANETA DOS GOVERNADORES, NA GUERRA FISCAL, É TAL QUE NINGUÉM QUER MEXER", DIZ GERDAU, QUE SE TORNOU CONSELHEIRO FREQUENTE DE DILMA AO PRESIDIR A CÂMARA DE POLÍTICAS DE GESTÃO, DESEMPENHO E COMPETITIVIDADE, LIGADA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
O TEMA DA INFRAESTRUTURA, POR SUA VEZ, FOI UM DOS DESTAQUES PELA MANHÃ, DA MESA-REDONDA "O IMPACTO NA INTEGRAÇÃO E GOVERNANÇA REGIONAL DA POLÍTICA DO BRASIL", MEDIADA POR SERGIO FAUSTO E BERNARDO SORJ.
AUTOR DE UM DOS TRABALHOS APRESENTADOS, JOSÉ TAVARES DE ARAÚJO JR., EX-SECRETÁRIO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS DO MINISTÉRIO DA FAZENDA, SE DISSE PESSIMISTA COM O ESVAZIAMENTO DA INICIATIVA PARA A INTEGRAÇÃO DA INFRAESTRUTURA REGIONAL SUL-AMERICANA (IIRSA), IDEALIZADA EM 2000. O ECONOMISTA AFIRMOU QUE PROJETOS DE BAIXO CUSTO PODEM TER GRANDE IMPACTO NA INTEGRAÇÃO FÍSICA DA REGIÃO. É O CASO DA ESTRADA QUE DEVERIA LIGAR BOA VISTA À GEORGETOWN, CAPITAL DA GUIANA. ELA ESTÁ CONCLUÍDA NO LADO BRASILEIRO, MAS NÃO NO VIZINHO, O QUE REFLETIRIA UM DOS MAIORES ENTRAVES DA IIRSA: A AUSÊNCIA DE UM MECANISMO DE COOPERAÇÃO FINANCEIRA, COMO É O ASIAN DEVELOPMENT BANK PARA OS ASIÁTICOS. "NA ÁSIA, AS RESTRIÇÕES DE PAÍSES PEQUENOS FORAM CONTORNADAS, COM DOAÇÕES DE RECURSOS, SEM CRIAR SUSCETIBILIDADES POLÍTICAS", DISSE.
EM TEXTO SOBRE O COMÉRCIO E OS INVESTIMENTOS DIRETOS, PEDRO DA MOTTA VEIGA E SANDRA POLÓNIA RIOS MOSTRARAM OS FATORES QUE MARCARAM QUATRO FASES DE ATUAÇÃO DO BRASIL NA REGIÃO. "OS ANOS LULA FORAM DA PRIORIDADE POLÍTICA E DA DESIMPORTÂNCIA ECONÔMICA. E COM DILMA O NACIONALISMO VOLTA A GANHAR PESO", RESUMIU MOTTA VEIGA.
JOSÉ AUGUSTO GUILHON ALBUQUERQUE, PROFESSOR DA USP, ARGUMENTOU QUE A DEMONSTRAÇÃO DE LIDERANÇA DE LULA, NOS ÚLTIMOS ANOS, TERIA PROVOCADO, EM RESPOSTA, A FORMAÇÃO DE UM EIXO ENTRE ARGENTINA E VENEZUELA. NA APRESENTAÇÃO DE SEUS TRABALHOS, SERGIO FAUSTO E BERNARDO SORJ FORAM NA MESMA LINHA. "HÁ UM DESGARRAMENTO, COM CHILE, PERU E COLÔMBIA BUSCANDO A BACIA DO PACÍFICO [BLOCO COM JAPÃO E OS TIGRES ASIÁTICOS]. O BRASIL SE ISOLOU POR RAZÕES IDEOLÓGICAS", ANALISOU FAUSTO. GUILHON TAMBÉM CRITICOU O QUE SERIA UMA INFLUÊNCIA EXCESSIVA DO SETOR INDUSTRIAL NA PRESERVAÇÃO DO PROTECIONISMO NO BRASIL. "A ECONOMIA, O MUNDO, A ELITE, O GOVERNO MUDARAM. POR QUE A INDÚSTRIA, QUE HOJE É RESIDUAL, CONTINUA TENDO TANTO PODER EM RELAÇÃO AO RESTO DAS ELITES?"

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PORQUE ESTUDAR


HÁ QUEM PENSE QUE ESTUDAR É IMPORTANTE PORQUE COM UM BOM CURRÍCULO E BASTANTE CONHECIMENTO A PESSOA PODERÁ TER UM BOM EMPREGO E GANHAR MUITO DINHEIRO. DE FATO HÁ ESSA RELAÇÃO: QUEM ESTUDA MAIS, TEM MELHOR SALÁRIO. MAS, LIMITAR OS ESTUDOS A ESSA VISÃO É INSUFICIENTE PORQUE OS BENEFÍCIOS DO ESTUDO PARA UMA PESSOA VÃO ALÉM DO SALÁRIO GANHO NO FINAL DO MÊS. SEM CONTAR O FATO DE QUE HÁ BASTANTE GENTE COM POUCO OU NENHUM ESTUDO GANHANDO MUITO DINHEIRO, VISTO QUE GANHAR DINHEIRO DEPENDE DE FATORES QUE PODEM OU NÃO ESTAR RELACIONADOS AOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS EM UMA ESCOLA OU FACULDADE COMO, POR EXEMPLO, OUSADIA, JOGO DE CINTURA, REDE DE AMIZADES, VISÃO DE MERCADO, SIMPATIA, DESINIBIÇÃO, CORAGEM, SENSO DE HUMOR, OTIMISMO, DISPOSIÇÃO E HONESTIDADE. SEM ESSES FATORES, SÃO POUCAS AS PESSOAS BEM-SUCEDIDAS, MESMO TENDO ESTUDADO BASTANTE. ESTUDAR VAI ALÉM DO MERO SALÁRIO PORQUE PERMITE ÀS PESSOAS INSTRUIR-SE PARA SABER, ENTRE OUTRAS COISAS, APRECIAR O QUE É BOM, DEFENDER UMA POSIÇÃO DE MODO ACERTADO, SAIR-SE BEM EM UM CONCURSO PÚBLICO, EXPOR SUAS IDEIAS DE FORMA SIMPLES E CONVINCENTE, RESPEITAR A NATUREZA, ACEITAR AS DIFERENÇAS SÓCIO-CULTURAIS, TER COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO DE UMA TAREFA, NÃO INDISPOR-SE À TOA, ENFIM, USUFRUIR A VIDA DE MODO MAIS INTELIGENTE.

sábado, 22 de setembro de 2012

A CARROÇA VAZIA


CERTO DIA, UM PAI CONVIDOU O FILHO PARA IREM A PÉ DE MARATONA A ATENAS. O FILHO ACEITOU COM ENTUSIASMO, E DISSE: “QUE BOM! MEU QUERIDO PAI, QUEM SABE SE NÃO VEJO OS ILUSTRES SÁBIOS A DISCUTIREM NA ÁGORA DE ATENAS”. E FORAM CAMINHANDO.
DEPOIS DE ALGUM TEMPO PARARAM PARA DESCANSAR SOB FRONDOSAS ÁRVORES A BEIRA DE UM RIACHO. FARTARAM-SE DE BEBER ÁGUA E DESCANSARAM SOB AS SOMBRAS OUVINDO AS MELODIAS DOS PÁSSAROS. ENQUANTO ISSO, TAMBÉM SE OUVIA UM BARULHO. O MENINO APUROU OS OUVIDOS E DISSE: “ESSE BARULHO DEVE SER DE UMA CARROÇA”.
- ISSO MESMO, DISSE O PAI DO MENINO. É UMA CARROÇA VAZIA.
O FILHO PERGUNTOU AO PAI:
- PAI, COMO O SENHOR PODE SABER QUE A CARROÇA ESTÁ VAZIA SE AINDA NÃO A VIMOS?
ENTÃO O PAI DISSE:
- ORA, É MUITO FÁCIL SABER SE UMA CARROÇA ESTÁ VAZIA, POR CAUSA DO BARULHO. QUANTO MAIS VAZIA A CARROÇA, MAIOR É O BARULHO QUE ELA FAZ.
O MENINO VIROU ADULTO – E QUANDO VIA UMA PESSOA FALANDO DEMAIS, IMPORTUNA, SE INTROMETENDO NAS CONVERSAS DOS OUTROS, TINHA A IMPRESSÃO DE OUVIR A VOZ DO PAI DIZENDO:

domingo, 2 de setembro de 2012

NEUROPLASTICIDADE - exercite o cérebro



Por mais de quatro séculos foi comum pensar que nossos cérebros se desenvolviam somente durante a infância e depois se tornava inflexível ao longo da vida adulta, dando uma falsa sustentação ao velho ditado “não se pode ensinar truques novos a um cachorro velho”. Porém, pesquisadores continuam a provar que essa teoria defasada não está correta e fornecem provas de que o cérebro humano pode se alterar através de estímulo mental, ginástica cerebral e novos aprendizados.
Neuroplasticidade, ou plasticidade cerebral, é a capacidade de remapeamento das conexões das nossas células nervosas, o processo que nos ajuda a continuamente aprender. Ela se refere à maneira do nosso cérebro agir e reagir à medida que experimentamos uma mudança em nosso ambiente ou desenvolvemos uma habilidade.
Estima-se que as características neuroplásticas do nosso cérebro influenciam mais de 100 bilhões de nossas células nervosas ao longo da vida. Quando nós usamos nosso cérebro de formas novas, nós criamos novos caminhos para comunicação neural. Mesmo quando adultos, o que nós aprendemos e ao que nos adaptamos ao longo da vida reorganiza nossos neurônios existentes. Portanto, a neuroplasticidade é o que nos permite aprender, memorizar e adaptar através da nossa experiência com o mundo a nossa volta.
Na famosa pesquisa da Dra. Joenna Driemeyer sobre os efeitos cognitivos no aprendizado de malabarismo, ela e sua equipe de pesquisadores concluíram que “a mudança qualitativa (como por exemplo o aprendizado de uma nova tarefa) é mais crítica para o cérebro mudar sua estrutura do que o treinamento contínuo de uma tarefa já aprendida”. Ainda, descobertas recentes em neuroplasticidade estão abrindo caminho para tratamentos de lesões e doenças neurológicas, algo que até recentemente era inexplorado por causa da falta de evidência sobre neuroplasticidade.
A moral da estória é que é importante se dedicar a novas atividades. Exercitar seu cérebro é tão importante quanto exercitar seu corpo. Se você continuar a desenvolver sua reserva funcional através de prática de exercícios mentais e um estilo de vida saudável, você tem mais chances de manter a plasticidade cerebral e sua habilidade de aprender, à medida que envelhece.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Racismo grosso, racismo chique

Há quem diga que é liberdade de imprensa. Este colunista acha que é racismo puro e simples. Basta tocar em qualquer tema que envolva pessoas de determinada crença, orientação sexual ou etnia, abrem-se as comportas do esgoto: insultos normalmente protegidos pelo anonimato contra negros, judeus, nordestinos, homossexuais, em espaços generosamente abertos por jornalistas ou veículos de informação que se consideram to-tal-men-te tolerantes. É até provável que não compartilhem do racismo, mas abrem seus espaços para os racistas e os protegem ao aceitar que façam comentários anônimos.
Em seu excelente blog sobre política internacional, o jornalista Gustavo Chacra adota uma posição clara – e rigorosamente correta – sobre os comentários às suas notas:
“Comentários islamofóbicos, antissemitas e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista.”
As normas expostas por Gustavo Chacra abrem espaço para manifestação educada de quaisquer opiniões sobre os temas abordados. Não é preciso ser grosseiro ou insultuoso para que seus argumentos sejam vistos e levados em conta.
Os comentários são uma excelente oportunidade para que todos, e não apenas os detentores do espaço editorial, exponham suas opiniões. Não devem servir para que os intolerantes exponham seus preconceitos e sua falta de educação. Abrir espaço para incitação à intolerância não é servir à liberdade de imprensa: é tão grave quanto incitá-la pessoalmente.
E aí chegamos às páginas impressas, que há muitos anos tinham reduzido drasticamente as manifestações de racismo e intolerância em geral. Uma coluna, abordando opiniões de mulheres ricas sobre o mensalão, escorrega perigosamente, divulgando teses de algumas entrevistadas como a de que nordestinos devem ficar em seu estado natal, sem ousar morar em São Paulo. É curioso: o lendário Tavares de Miranda, por muitos anos dono da principal coluna social de São Paulo, era pernambucano. Um dos grandes repórteres de São Paulo, que acaba de ser merecidamente homenageado em seu 80º aniversário e continua em grande atividade, é o alagoano Audálio Dantas. Samuel Wainer, que sacudiu o jornalismo brasileiro com Última Hora e manteve por anos uma das principais colunas da Folha de S.Paulo, veio da Bessarábia, muito mais distante que o Nordeste. Um dos julgados no caso do mensalão, já com um voto pela condenação, saiu de São Paulo para envolver-se com problemas em Brasília. E se Barack Obama tivesse ficado lá nos fuuuuuuuuundos do Havaí, onde nasceu, evitando ir para Harvard, onde estudou, e para Illinois, onde se elegeu senador?
E, por favor, não vamos usar o argumento de que as pessoas falaram, e pronto. Jornalista não é gravador. E uma boa parte do que as pessoas falam não vai para o texto escrito – por ser redundante, por linguagem inadequada, por estar fora do foco da matéria. A intolerância tem de ser combatida, não divulgada. E, se os jornalistas não combaterem a intolerância, eles que tanto são vítimas dos intolerantes, quem é que o fará?


sábado, 18 de agosto de 2012

Tempos modernos - Chaplin


Numa grande fábrica, um operário, Carlitos, desempenha o trabalho repetitivo de apertar parafusos.  De tanto repetir essa atividade, ele tem problemas de stress e, estafado, perde a razão de tal forma que pensa que deve apertar tudo o que se parece com parafusos, como os botões de uma blusa, por exemplo.  Ele é despedido e , logo em seguida, internado em um hospital.  Após algum tempo, sai de lá recuperado, mas com a eterna ameaça de estafa que a vida moderna impõe: a correria diária, a poluição sonora, as confusões entre as pessoas, os congestionamentos, as multidões nas ruas, o desemprego, a fome, a miséria...

Logo que sai do hospital, depara-se com a fábrica fechada.  Ao passar pela rua, nota um pano vermelho caindo de um caminhão.  Ao empunhar o pano na tentativa de devolvê-lo ao motorista do caminhão, atrai um grupo enorme de manifestantes que passava por ali.  Por engano, a polícia o prende como líder comunista, simplesmente pelo fato de ele estar agitando um pano vermelho, parecido com uma bandeira, em frente a uma manifestação.  Após passar um tempo preso, o operário é solto pela polícia por agradecimento, uma vez que ajudou na prisão de um traficante de cocaína que tentava fugir da prisão.

Nesse momento, surge uma garota do cais que se recusa a passar fome.  A jovem, vivendo na miséria, tem de roubar alimentos para comer, pois, além disso, mora com as suas duas irmãs menores, seu pai está desempregado e as três são órfãs de mãe.  O pai morre durante uma manifestação de desempregados e as duas pequenas são internadas em um orfanato.  A moça foge e volta a roubar comida.  Numa de suas investidas, ela conhece o operário.  Depois de roubar o pão de uma senhora, a polícia vai prendê-la e o operário assume a autoria do assalto.  A polícia o prende , mas o solta em seguida após descobrir o engano.  Quando vê a moça sendo presa, o operário arma um esquema para ser preso também: rouba comida em um restaurante.  São colocados no mesmo camburão e, durante um acidente com o carro, os dois fogem e vão morar juntos.

O operário, nosso querido Carlitos, procura emprego e consegue um como segurança em uma loja de departamentos.  Logo é despedido por não ter conseguido evitar um assalto e por dormir no serviço.  No entanto, consegue emprego numa outra fábrica, consertando máquinas.  Durante uma greve na fábrica, Carlitos é preso mais uma vez, agora por "desacato à autoridade policial".  Alguns dias depois, ele é liberado e a jovem o espera na saída da prisão para levá-lo à nova casa – um barraco de madeira perto de um lago.  A jovem consegue, então, emprego em um café como dançarina e arruma outro para Carlitos, só que como garçom/cantor.  Os dois são um sucesso, principalmente Carlitos que, durante uma improvisação de uma música, arranca milhares de aplausos dos presentes no Café.

Para estragar a festa, no entanto, surge novamente a polícia, desta vez com uma caderneta com os dados da moça e uma ordem para prender a jovem num orfanato.  Carlitos e a moça fogem e terão de começar tudo novamente...
"Tempos Modernos" é mais uma obra-prima de Chaplin.  Embora o filme tenha o 'status' de uma das maiores comédias de todos os tempos, não se pode ignorar o seu imenso conteúdo político.  Chaplin realiza uma preciosa e inteligente sátira às técnicas modernas, usadas pela sociedade industrial, onde as máquinas substituem a mão-de-obra e os operários são marginalizados.

O filme apresenta momentos deliciosos, com verdadeiras cenas antológicas como, por exemplo: a cena em que Carlitos anda de patins numa loja de departamentos; ou na qual ele é confundido com um grevista; ou, ainda, a cena em que ele canta e dança num cabaré.

Além da direção, Chaplin é responsável pela produção, pelo roteiro e pela música original, o que faz com sua costumeira habilidade.  O filme apresenta, ainda, uma bela fotografia e interpretações marcantes, com destaques para Chaplin e para a bela Paulette Goddard, na época sua esposa na vida real.  Gloria DeHaven, que faz o papel da irmã de Paulette, tinha apenas 11 anos de idade quando da realização do filme.



OS TRENS EM DOIS TRILHOS


Se o governo Dilma tiver êxito e forem construídos 10 mil quilômetros de ferrovias, o Brasil voltará a ter os 38 mil quilômetros de malha que tinha em 1958. Nesse caso, o governo poderá parafrasear o lema mítico do país e dizer que em cinco anos refez o que foi desfeito em 50 anos. O modelo tem a virtude de alavancar ferrovias e o risco de testar o que nunca houve no mundo.

A estatização de toda a intermediação entre as concessionárias e seus clientes, através da empresa pública Valec, não existe em outro país do mundo, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).

Há outro fruto da mesma jabuticabeira: o Brasil vai conviver com doismarcos regulatórios nos trens. Na malha privatizada no governo Fernando Henrique, a concessão termina em 2027 e os bens terão que reverter à União ou ter a concessão renovada. Por enquanto, estão sob regras diferentes das que vão vigorar no novo modelo.

É evidente o atraso do Brasil na área ferroviária. A privatização dos anos 1990 permitiu investimentos e modernização, mas a malha não foi ampliada. Por isso, o movimento do governo Dilma é uma excelente notícia.

— Queremos isso há duas décadas. O investimento privado este ano no setor será de R$ 5 bi, e o nosso dia a dia, eu lhe diria, sinceramente, é um inferno — disse Rodrigo Vilaça, presidente da ANTF.
comparação das malhas ferroviárias de Brasil e China


Empresários e especialistas no setor estão com várias dúvidas sobre o novo modelo. A decisão de dar à Valec a função de comprar toda a oferta de transporte da nova malha ferroviária produz sentimentos mistos. Eles admitem que o modelo viabiliza os projetos porque elimina o principal risco do construtor de estradas de ferro. O prejuízo dos primeiros anos será estatizado. O que eles temem é mais um ente estatal num ambiente que já tem Estado demais.

— O setor de transportes tem que lidar com três agências reguladoras, diversas estatais em transporte, dois ministérios e uma secretaria com status de ministério. E ainda o Ministério do Transporte. Agora, a Valec terá novos poderes e será criada a Empresa de Planejamento Logístico. No setor ferroviário temos que lidar com nove agentes públicos para tratar dos ativos e passivos da antiga rede ferroviária. Na Transnordestina, temos 21 intervenientes — disse Vilaça.

O engenheiro João Guilherme Araújo, do Instituto Ilos de Logística e Supply Chain, teme também o estatismo do modelo.

Predidente Dilma Rousseff
— A presidente falou de encurtamento econômico, temos que ter o encurtamento burocrático. O setor privado quer simplicidade, rapidez, menos atores governamentais — afirmou.

Ele conta que gostou imensamente de ouvir a palavra logística usada na cerimônia e de a nova empresa ter “logística” no nome:

— O Brasil precisa de visão integrada e explorar os vários modais. A cabotagem, por exemplo, é pouco usada para quem tem uma costa grande e a população concentrada no litoral.

João Guilherme Araújo acha que os valores precisam ser bem dimensionados. O número R$ 133 bilhões parece muito, mas é pequeno para o tamanho das necessidades brasileiras:

— Em cinco anos serão em torno de R$ 80 bi, isso dá R$ 16 bi por ano, o que é 0,4% do PIB. Em 1975, o Brasil investiu 1,8% do PIB só em transporte.

O professor Pedro Cavalcanti Ferreira, da FGV, estudioso de infraestrutura, tem a mesma visão:

— Comparado com o que o Brasil investiu em infraestrutura nos anos 70, e até nos anos 80, que foram de crise, é muito pouco.

O passo é na direção certa. Dos países grandes, o Brasil é o que tem a menor rede ferroviária.

Vice-presidente da Abralog critica o Plano Nacional de Logística Integrada do governo federal


Plano Nacional de Logística Integrada, o PNLI, é bem-vindo, mas há 7 anos outro plano como ele não foi cumprido.

Em entrevista ao Canal Rural, o Vice-Presidente de Comercialização e Marketing da Abralog, Edson Carillo, disse que o Plano Nacional de Logística Integrada, (PNLI), é bem-vindo, mas alertou que há 7 anos, outro anúncio do governo, o Plano Nacional de Logística e Transportes, também foi muito bem recebido, mas não foi implementado.

Carillo comentou ainda a relação entre os 113 bilhões de reais a serem investidos, a maior parte nos próximos cinco anos, com o valor do déficit brasileiro em infraestrura, ao redor dos 200 bilhões de dólares.


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A CURA DA INEFICIÊNCIA HOSPITALAR


O Dr. JAMES J. CIMINO TINHA UM PROBLEMA. PARA DESCOBRIR SE A CONTUSÃO DE SEU PACIENTE ERA UM SINAL DE DOENÇA NEUROLÓGICA, PRECISAVA ANALISAR O LÍQUIDO DE SUA COLUNA VERTEBRAL. TODAVIA, ERA DIFÍCIL MARCAR CONSULTA NA UNIDADE DE NEUROLOGIA DO COLUMBIA PRESBYTERIAN HOSPITAL, SEMPRE BASTANTE OCUPADA. ASSIM, ELE FEZ UMA ANOTAÇÃO EM SEU COMPUTADOR: SOLICITAR UMA PUNÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL NA PRÓXIMA VEZ QUE A CONDIÇÃO CARDÍACA CRÔNICA DO PACIENTE O TROUXER À EMERGÊNCIA DO HOSPITAL MUNICIPAL DE NEW YORK. DUAS SEMANAS MAIS TARDE, O PACIENTE RETORNOU. E, LENDO A OBSERVAÇÃO DE CIMINO (ARMAZENADA COM OS REGISTROS DO PACIENTE NO SISTEMA DO HOSPITAL), OS MÉDICOS FIZERAM A PUNÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL.
O CASO EXEMPLIFICA DE QUE MANEIRA A REESTRUTURAÇÃO DOS HOSPITAIS COM REDES SOFISTICADAS DE COMPUTADORES PODE AJUDAR NA CURA DE UMA DAS PIORES DOENÇAS DA MEDICINA: A INEFICIÊNCIA. “ATÉ 40% DOS CUSTOS HOSPITALARES TOTAIS SÃO INCORRIDOS NA GERAÇÃO E NO ARMAZENAMENTO DE INFORMAÇÕES. PORTANTO, FAZ SENTIDO QUE A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO POSSA MELHORAR A EFICIÊNCIA”, AFIMA O Dr. WILLIAM M. TIERNEY, DO WISHARD MEMORIAL HOSPITAL DE INDIANÁPOLIS.
O WISHARD ATUALMENTE EXIGE QUE OS MÉDICOS SOLICITEM TODOS OS MEDICAMENTOS E TRATAMENTOS PARA OS PACIENTES VIA COMPUTADOR. COM ISTO, O SISTEMA ALERTA AUTOMATICAMENTE QUANTO A PROVÁVEIS PROBLEMAS, COMO REAÇÕES ALÉRGICAS OU EXAMES DUPLICADOS. DESSA MANEIRA, OS MÉDICOS COSTUMAM COMETER MENOS ERROS E SOLICITAR MENOS EXAMES. ASSIM, OS CUSTOS POR PACIENTE SÃO $900 MAIS BAIXOS. “PARA PERMANECEREM COMPETITIVOS”, CONCLUI TIERNEY, “OS MÉDICOS TÊM REALMENTE QUE ENTRAR NA MÍDIA ELETRÔNICA”.

FONTE:  CAREY, John. The technology payoff. Business Week, p.60, 14 June 1993 in LOGÍSTICA EMPRESARIAL, Bowersox and Closs, 2010

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Diferença na nota não será mantida na faculdade"


A DESIGUALDADE ENTRE ALUNOS COTISTAS E NÃO COTISTAS MEDIDA PELO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM) NÃO VAI DEFINIR A VIDA ACADÊMICA, AFIRMA O PROFESSOR JOÃO FERES JÚNIOR, DO INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E POLÍTICOS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UERJ). "A DIFERENÇA NA NOTA DE ENTRADA NÃO SIGNIFICA QUE ELA SERÁ MANTIDA DENTRO DA FACULDADE OU NA SAÍDA." PARA ELE, PREVER A QUEDA DA QUALIDADE DAS INSTITUIÇÕES COMO REFLEXO DAS COTAS É UM "EXERCÍCIO CATASTRÓFICO DE FUTUROLOGIA".
PESQUISADOR DE AÇÕES AFIRMATIVAS, FERES JÚNIOR CITA O EXEMPLO DA PRÓPRIA UERJ, A PRIMEIRA UNIVERSIDADE DO PAÍS A IMPLEMENTAR UMA POLÍTICA DE RESERVA DE VAGAS. A INSTITUIÇÃO ELABOROU UM RELATÓRIO DE PERFORMANCE QUE AVALIOU OS ESTUDANTES ENTRE 2004, ANO DO INÍCIO DAS COTAS, E 2010, QUANDO A PRIMEIRA TURMA A ENTRAR NO NOVO MODELO CONCLUIU O CURSO.

O TRABALHO MOSTROU QUE O GRANDE DESAFIO PARA OS COTISTAS NÃO ESTÁ RELACIONADO À DEFASAGEM, MAS À EVASÃO ESCOLAR. "AS COTAS TRANSFORMARAM A UERJ. ELA FICOU MAIS DEMOCRÁTICA E NÃO HOUVE IMPACTO NA QUALIDADE."

AINDA SEGUNDO O PROFESSOR, UMA "CONSEQUÊNCIA POSITIVA" DO PROJETO DE LEI APROVADO NO SENADO PODE SER A VALORIZAÇÃO DO ENSINO MÉDIO NAS ESCOLAS PÚBLICAS. "FICARÁ MAIS INTERESSANTE PARA FAMÍLIAS DE CLASSE MÉDIA BAIXA MATRICULAR OS FILHOS NA REDE PÚBLICA", DIZ FERES JÚNIOR. OUTRO EFEITO SERIA O CRESCIMENTO DE "ILHAS DE EXCELÊNCIA" NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO, QUE ATRAIRÃO "OS FILHOS DE UMA FAIXA DA CLASSE MÉDIA SEM RECURSOS PARA PAGAR POR UMA ESCOLA MAIS CARA".

NA OPINIÃO DA CONSULTORA DE EDUCAÇÃO ILONA BECSKEHÁZY, HAVERÁ UMA "FUGA DE CÉREBROS" PARA UNIVERSIDADES PRIVADAS, O QUE SERIA UM "ERRO DE ESTRATÉGIA". "NOSSA NECESSIDADE MAIS PREMENTE É CRIAR UMA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA CAPACITADA PARA AUMENTAR A RENDA PER CAPITA E CONSOLIDAR A POSIÇÃO DE RELEVÂNCIA DO BRASIL. SE VOCÊ TIRA O COMPONENTE DA ATRAÇÃO DAS MELHORES CABEÇAS DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS, ACABA DESCONCENTRANDO ESSE ESFORÇO", DIZ.

PARA ELA, NO ENTANTO, O PROJETO DE LEI É "LEGÍTIMO". "ATÉ HOJE, O BRASIL NÃO TINHA TOMADO A DECISÃO DE POPULARIZAR O ENSINO SUPERIOR PÚBLICO, SOBRETUDO CURSOS COMO MEDICINA, ENGENHARIA E DIREITO."

A CONSULTORA AFIRMA QUE É HORA DE A SOCIEDADE PENSAR E SE MANIFESTAR SOBRE AS COTAS. "A PRIMEIRA IMPRESSÃO É DE QUE ESSA LEI É FRUTO DE UMA MOVIMENTAÇÃO POLÍTICA PARA GANHAR PONTOS COM A POPULAÇÃO."

Caderno VIDA, A23, O ESTADO DE SÃO PAULO  12/08/2012