TALVEZ
OS MILHÕES DE BRASILEIROS QUE SAEM ÀS RUAS NÃO SAIBAM, MAS, EM ESSÊNCIA, SEU
GRITO É CONTRA TODAS AS INEFICIÊNCIAS E DEFICIÊNCIAS DO MODELO BRASILEIRO DE CAPITALISMO
DE ESTADO.
SÃO
VOZES DE DIFERENTES ORIGENS E ASPIRAÇÕES. NEOSOCIALISTAS UTÓPICOS QUE DEMANDAM
TUDO GRATUITO. MICROEMPRESÁRIOS SUFOCADOS PELA BUROCRACIA E PELA CARGA
TRIBUTÁRIA DE 36% DO PIB.
FAMÍLIAS
INDIGNADAS COM AS ÍNFIMAS CONTRAPARTIDAS AOS ALTOS IMPOSTOS. TODOS UNIDOS
CONTRA A CORRUPÇÃO E A FALTA DE TRANSPARÊNCIA NOS CUSTOS DE ORGANIZAÇÃO DA COPA
DO MUNDO.
AINDA
QUE DE FORMA INDIRETA, O EIXO COMUM DE TODA ESSA REVOLTA É A CRÍTICA AO MODUS
OPERANDI DO CAPITALISMO DE ESTADO BRASILEIRO.

O
CAPITALISMO DE ESTADO BRASILEIRO CONVIDA AO CLIENTELISMO E A TODA SORTE DE
INFORMALIDADES. O PROBLEMA É QUE, PARA ALGUNS, A SAÍDA DEVE SER MAIS
CAPITALISMO. PARA OUTROS, UMA PRESENÇA AINDA MAIOR DO ESTADO NA VIDA
SOCIOECONÔMICA.
NOS
ÚLTIMOS DOIS ANOS, O BRASIL SE AFASTOU DE CONSAGRADOS PILARES MACROECONÔMICOS
COMO CÂMBIO FLUTUANTE, SUPERÁVIT PRIMÁRIO E METAS DE INFLAÇÃO. TAL
DISTANCIAMENTO, MAIS DO QUE A PERSPECTIVA DE MUDANÇA DO PANORAMA MUNDIAL DE
LIQUIDEZ OU MESMO OS PROTESTOS, TEM ALIMENTADO O CETICISMO QUANTO AO BRASIL.
E,
EM TODA A ERA LULA-DILMA, NÃO TRABALHOU PARA IMPLEMENTAR REFORMAS
MICROECONÔMICAS: FISCAL, TRABALHISTA E DESBUROCRATIZAÇÃO. O BRASIL NÃO
HARMONIZOU SUAS CONDIÇÕES INTERNAS PARA COMPETIR GLOBALMENTE.
EM
TERMOS DE POLÍTICA INDUSTRIAL, O BRASIL ELEVOU O "CONTEÚDO LOCAL"
PARA O STATUS SAGRADO DO MANTRA. AO CONTRÁRIO DE GERAR CAPACIDADE PRODUTIVA
LOCAL, ESSA POLÍTICA INDUSTRIAL TEM SIGNIFICADO NOVAS ILHAS DE RESERVA DE
MERCADO. E NO COMÉRCIO INTERNACIONAL, O PAÍS NÃO PRIORIZOU A NEGOCIAÇÃO DO
ACESSO AOS GRANDES MERCADOS COMPRADORES DA AMÉRICA DO NORTE, EUROPA E ÁSIA.
O
BRASIL APOSTOU NA "DESGLOBALIZAÇÃO". O MUNDO, CONTUDO, ESTÁ SE
RECONECTANDO EM NOVAS CORRENTES DE COMÉRCIO E INVESTIMENTO DELINEADAS POR
GEOMETRIAS A QUE O PAÍS NÃO PERTENCE.
O
BRASIL PERDEU MUITO TEMPO. MAS, COM UM POUCO DE SACRIFÍCIO, ESPECIALMENTE NO
SETOR PÚBLICO, MAIS PRAGMATISMO E MENOS IDEOLOGIA, AINDA HÁ TEMPO PARA UMA
INFLEXÃO POSITIVA. O POTENCIAL DO PAÍS É IMENSO. REFORMAS ESTRUTURAIS,
POLÍTICAS PÚBLICAS HORIZONTAIS DEVERIAM PROMOVER O REDIMENSIONAMENTO DO ESTADO
PARA UM PAPEL MENOS ONIPRESENTE E QUE ATUE MAIS COMO UM FAROL.
O
MERO ANÚNCIO DE RECONHECIMENTO DE ERROS E MUDANÇA DE RUMOS NA POLÍTICA
ECONÔMICA TERIAM IMPACTOS EXTREMAMENTE POSITIVOS NA REVERSÃO DAS ATUAIS
EXPECTATIVAS QUE APONTAM MAIS PROBLEMAS À FRENTE PARA O BRASIL.
EM
TERMOS DE CONSTRUÇÃO DO FUTURO, A AMÉRICA LATINA ESTÁ SE CONSOLIDANDO ENTRE
DOIS CAMINHOS PRINCIPAIS. UM, BASEADO NUMA INSPIRAÇÃO MAIS AUTÁRQUICA, É O QUE
SEGUEM VENEZUELA, BOLÍVIA, EQUADOR E ARGENTINA.
O
OUTRO, MAIS VERTEBRADO À ECONOMIA GLOBAL, É O QUE PERCORREM MÉXICO, COLÔMBIA,
PERU E CHILE. NESTE SENTIDO, O BRASIL É O ÚLTIMO INDECISO DA REGIÃO. MAS O
MOMENTO DE TOMAR A DECISÃO JÁ ESTÁ CHEGANDO. NÃO HÁ MAIS TEMPO A PERDER.
Marcos Troyjo é diretor do BRICLab da Columbia University e professor do Ibmec
Marcos Troyjo é diretor do BRICLab da Columbia University e professor do Ibmec
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